Dispostas a ouvir e serem ouvidas, e a lutar pela condição da mulher na sociedade, um grupo de mulheres mirassolenses lançou nas redes sociais o coletivo feminista “Juntas! Mirassol”, tendo como base o coletivo nacional “Juntas!”, lançado em 2011. A tarefa é construir uma alternativa feminista que possa superar as desigualdades sociais, raciais e de gênero. Juntas! se coloca como feminista, anticapitalista e antirracista que atua em universidades, escolas, movimentos sociais, sindicatos e cidades por todo Brasil.
“Surgimos em 2011, nos fortalecemos com a Primavera Feminista que correu o mundo e agora nos colocamos a tarefa de enfrentar Bolsonaro e construir uma alternativa feminista que possa superar as desigualdades sociais, raciais e de gênero. A luta das mulheres muda o mundo!”, diz texto no blog nacional.
O coletivo também apoia a campanha #NósEstamosJuntas, que se propõe a “fortalecer mulheres, criando redes de solidariedade, apoio e amparo para romper com os ciclos da violência que muitas de nós nos encontramos, em especial no período da quarentena.”
Em Mirassol, o Juntas! é formado atualmente por 12 mulheres, cada uma com sua profissão e vida familiar e social, mas engajadas na causa que abraçaram. Acompanhe a entrevista exclusiva ao blog.
JLemos – Quem lançou, e quando, o Coletivo Juntas! Mirassol?
Juntas! – Juntas! existe há 11 anos no Brasil, foi um movimento que surgiu em defesa das mulheres após alguns acontecimentos e movimentos no exterior. Em Mirassol ele é bem recente, com a vinda do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) para a cidade, este segmento foi sugerido e houve um esforço conjunto pra sua implementação.
JLemos – Em quantas vocês são no coletivo?
Juntas! – Somos em 12, mas o Juntas é aberto a todas as mulheres que se identificam com a causa, independentemente de suas convicções político-partidárias.
JLemos – O que é preciso para fazer parte?
Juntas! – Para fazer parte do coletivo é preciso ter alinhamento com os princípios de combate às desigualdades de gênero e sociais, bem como de enfrentamento ao racismo estrutural e demais opressões.
JLemos – Na prática, como vocês atuam?
Juntas! – Atuamos debatendo as demandas referentes às mulheres, construindo formações e propostas para a melhoria da vida delas.
JLemos – Assim como todas as cidades, Mirassol também registra ocorrências envolvendo violência contra a mulher, mas não se tem um levantamento dessas ocorrências. Vocês pretendem se inteirar disso?
Juntas! – O pior neste caso não é apenas não termos acesso aos dados oficiais da cidade, o número de ocorrências importa, mas também nos importa o número de mulheres que sofrem violência e se calam, aguentam, acreditam que são capazes de mudar seus parceiros. Muitas mulheres não denunciam, então queremos que o maior número possível tenha conhecimento sobre os seus direitos e o apoio para que consigam recuperar suas vidas antes que o pior aconteça.
JLemos – Esse coletivo, que vem se organizando em várias cidades do país, parece ter muito potencial para se fortalecer politicamente. Dele devem surgir candidatas à política em todas as esferas. Esta é uma das intenções ou será casualidade se isto ocorrer?
Juntas! – Nós somos filiadas ao PSOL, e por enquanto nosso foco são as causas sociais e as redes de apoio às minorias. Eventual candidatura não está descartada, principalmente uma candidatura coletiva, mas ainda não há nada concreto.
JLemos – O coletivo atua principalmente em manifestações populares como em atos contra o governo, o antirracismo, o machismo e o feminicídio, por exemplo. Vocês sairão às ruas de Mirassol quando surgir temas locais?
Juntas! – Sim, acreditamos que compor e convocar esses atos são importantes para a construção de mudanças essenciais.
JLemos – Um dos principais alvos do Juntas! é o presidente Bolsonaro, que tem vários apoiadores na política de Mirassol. Como vocês lidarão com a situação de tão perto?
Juntas! – Nós seguiremos lutando por tudo que acreditamos. Nossas crenças são muito diferentes, mas como diria Evelyn Beatrice Hall, autora da frase que foi muitas vezes atribuída a Voltaire: “Posso não concordar com uma palavra que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. Respeitamos as diferenças, mas não aceitamos comentários racistas, machistas, misóginos e genocidas, para estes existem as leis.
JLemos – Na Câmara de Mirassol há somente uma representante das mulheres, a vereadora Cida Dias que, aliás, está preparando o Fórum da Mulher para março, na Semana da Mulher. Cida foi eleita pelo Republicanos, partido encravado na igreja neopentecostal Universal do Reino de Deus, sabidamente com viés político de direita e apoiadora do presidente Bolsonaro. Alguma chance de vocês atuarem em conjunto no Fórum, já que será aberto?
Juntas! – O fato de não termos as mesmas opiniões políticas em algumas frentes não nos afasta quando encontramos pontos de congruência. Um exemplo disso é estarmos unidas pela causa das mulheres. A vereadora Cida é uma pessoa maravilhosa e com boas ideias. Estaremos juntas sempre que existirem esses pontos de congruência. No 1º Fórum da Mulher Mirassolense, o coletivo Juntas! estará representado através da Marina Favero que fará uma palestra no dia 8 de março sobre violência doméstica.
Para seguir o Juntas! Mirassol:
Facebook: coletivojuntasmirassol
Instagram: @juntasmirassol